Artigos de Dom Manoel João Francisco Dom Manoel João Francisco - Bispo Emérito

Postado dia 09/08/2018 às 09:38:13

Dia dos Pais

No contexto do mês das vocações no próximo domingo estaremos celebrando o Dia dos Pais e iniciando a Semana da Família.

         Segundo o ensinamento da Igreja a família é uma instituição divina. Deus ao criar o ser humano o criou homem e mulher e os vocacionou ao amor e à comunhão. Por isso, a família “é constitutivamente ligada à natureza do homem e da mulher, para o bem e a felicidade de ambos, da sociedade e da Igreja. Quando um homem e uma mulher constituem uma nova família, Deus se reflete neles”.

         Embora a família passe por grandes desafios, permanece, contudo, a certeza da necessidade que todos temos de uma família. Esta posição não é exclusividade da Igreja. Pesquisadores sérios são os primeiros a confirmá-la. Numa pesquisa com registros de óbitos, a pediatra Marília de Freitas Maakaroun constatou que “cinqüenta por cento das mortes ocorridas entre adolescentes brasileiros são provocadas por acidentes, homicídios e suicídios”. Ainda segundo a mesma pesquisa, a maioria desses jovens, em vez de ser protegida por fortes vínculos familiares, tinha “pais separados ou que não se davam bem; era de família nas quais prevalecia a relação rejeição-puniçã o-ameaça”. Neste sentido, o testemunho, dado em 2008, por John Pridmore, ex-gangster, em uma entrevista, na Jornada Mundial da Juventude na Austrália é também muito ilustrativo.

À pergunta: “Você disse que teve uma infância muito feliz. Como chegou então a entrar na vida de gangster?” John Pridmore respondeu: “A grande mudança ocorreu quando eu tinha dez anos. Certa vez ao voltar para casa, meus pais me disseram que eu precisava escolher com quem queria viver, porque eles estavam para se divorciar. Meus pais eram as duas pessoas mais amadas por mim, portanto, não podia escolher um e rejeitar o outro. Acho que tomei naquele instante uma decisão inconsciente: não iria amar mais ninguém, dessa maneira não me machucaria de novo. A partir de então minha vida foi ficando cada vez mais complicada até que eu me tornei um gangster”. A entrevista continua. John Pridmore conta todo o seu descaminho e vida de violência. Deus, porém, não abandona seus filhos e John Pridmore se converteu. Hoje, ele está plenamente ativo na obra de evangelização. Como ele mesmo diz: “Agora eu trabalho para Deus o tempo inteiro. Ninguém me paga. Eu vivo completamente da Providência divina”.  Fica, no entanto, o testemunho sobre a importância da família e do mal que pode provocar a separação dos pais.

Na família todos têm sua importância. O pai, no entanto, é sumamente necessário para a estabilidade familiar. Numa de suas catequeses nas quartas-feiras, o Papa Francisco lembrou que o pai precisa ser “presença na família”. ‘Que seja próximo à mulher para partilhar tudo, alegrias e dores, cansaços e esperanças. E que seja próximo aos filhos em seu crescimento: quando brincam e quando se empenham, quando estão despreocupados e quando estão angustiados, quando se exprimem e quando ficam em silêncio, quando ousam e quando têm medo, quando dão um passo errado e quando reencontram o caminho; pai presente sempre. Dizer presente não é o mesmo que dizer controlador. Porque pai muito controlador anula os filhos, não os deixa crescer”.

Dos vários pronunciamentos do Papa Francisco sobre a família e especificamente sobre o pai, pode-se extrair cinco chaves para o bom exercício da paternidade.

Alegrar-se com o correto. Ao pai não importa se o filho se parece com ele, mas deve se alegrar se aprendeu a retidão e a sensatez que é o que conta na vida.

Educar com carinho. O pai ensina o que o filho ainda não sabe: corrige os erros que ainda não vê, orienta seu coração, protege-o no desânimo e na dificuldade. Tudo isso com proximidade, doçura e com uma firmeza que não humilha.

Acompanhar com paciência. O pai deve ser paciente. A exemplo da parábola evangélica, o pai é alguém que espera na porta da casa o retorno do filho que se equivocou. Sabe esperar, sabe perdoar, sabe corrigir. Os filhos têm necessidade de um pai que os espere, que os proteja, os anime e ensine como seguir pelo bom caminho. Muitas vezes não há nada a fazer senão esperar e rezar, rezar e esperar. No entanto, um bom pai também sabe corrigir com firmeza quando for preciso.

Rezar com confiança. Sem a graça do Pai do céu, os pais perdem a coragem. Por isso a oração é de fundamental importância na vida de um pai cristão. Somente o Pai que está no céu pode ser sua luz e inspiração.

Seguir São José. Segundo o evangelista Lucas “Jesus cresceu em idade, sabedoria e graça”. Foi São José que educou Jesus para crescer em idade, sabedoria e graça. Por isso, é modelo para todos os educadores, em particular para todos os pais.

         Na comemoração do Dia dos Pais, juntamente com a gratidão por tudo o que fazem em favor de suas famílias, envio-lhes a certeza de minhas orações para que possam ser às novas gerações o que realmente devem ser: “protetores e mediadores insubstituíveis da fé na bondade, da fé na justiça e na proteção de Deus, como São José”.


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